quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Leci Brandão vai pensar "com muito carinho"
se for convidada para ser ministra

Yara Aquino Repórter da Agência Brasil

Brasília - Após a saída de Matilde Ribeiro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), na última sexta-feira (1º), o nome da cantora Leci Brandão foi apontado pelo fundador e conselheiro da ONG Educafro, Frei David, como o preferido do movimento negro para ocupar o cargo.Após passar o carnaval comentando os desfiles do sambódromo de São Paulo para a TV Globo, Leci atendeu hoje (5) a reportagem da Agência Brasil. Disse não se sentir “preparada”, mas reconheceu que, caso fosse convidada, “pensaria com muito carinho, atenção e seriedade”. Ela demonstrou surpresa e disse desconhecer que seu nome havia sido lembrado. “Estou sabendo disso agora, até sentei”.Leci afirmou que é preciso ter "amplos conhecimentos" e curso superior para assumir um ministério, mas depois ponderou que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é formado. Ela cursou três períodos de direito e chegou a ser aprovada em vestibular para comunicação social, mas não concluiu nenhum dos cursos.A cantora afirmou que não é filiada a partido político e nunca ocupou cargo público, que já foi convidada por partidos para se candidatar a vereadora e deputada, mas não quis. “Sou independente”. Foi dessa forma que sempre preferiu lutar pelas causas com as quais simpatiza. “Defendo tudo que acredito, negros, índios, quilombolas, cantei em penitenciárias. Luto pelos menos favorecidos e eles me consideram uma defensora da reivindicações deles”.Leci Brandão é conselheira da Seppir e foi escolhida para discursar em nome dos movimentos sociais na 1ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, em 2005, quando defendeu a política de cotas, a juventude negra e o reconhecimento das religiões de matriz africana na formação do país.Sobre a saída de Matilde Ribeiro, que deixou o cargo após denúncia de gastos irregulares com cartão corporativo, Leci Brandão comentou: “Fiquei triste, é a segunda mulher negra que sai do Poder Executivo. A primeira foi a [ex-ministra] Benedita da Silva. Isso enfraquece a gente, enfraquece o movimento negro”.

Depois da entrevista de Frei David à Agência Brasil, o colunista do jornal O Globo Ancelmo Gois noticiou, no último domingo (3), que líderes do movimento negro, com o fundador da Educafro à frente, lançaram o nome de Leci Brandão para ocupar a Seppir.','').

A matéria foi alterada para correção de informação (a data em que saiu menção sobre o caso na coluna de Ancelmo Gois).

sábado, 2 de fevereiro de 2008

2 de Fevereiro de 2008 - 10h02 - Última modificação em 2 de Fevereiro de 2008 - 10h02

Sistema penitenciário está falido e exige mudança de critérios, diz AMB
Marco Antônio Soalheiro Repórter da Agência Brasil

Brasília - O relatório divulgado esta semana pela ONG Human Rights Watch responsabiliza a superlotação e as más condições da estrutura prisional por parte significativa das violações aos direitos humanos no Brasil. A avaliação do presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Mozart Valadares, é semelhante.
“Estamos preparando uma campanha em nível nacional para mostrar a falência do sistema penitenciário brasileiro. Quarenta por cento das pessoas que estão detidas em cadeias são presos provisórios que nunca foram julgados”, afirmou Valadares em entrevista à Agência Brasil.
A solução, para a AMB, não seria a construção de mais presídios e aumento do número de vagas, mas sim uma combinação de revisão de sentenças com políticas públicas de incentivo à juventude, no sentido de que o jovem “não seja presa fácil” da criminalidade e da marginalidade.
“Temos que botar na cadeia aquele marginal que ofereça efetivamente risco à integridade da sociedade. Hoje, se você for para em um presídio brasileiro, vai ter gente lá que roubou um xampu ou 1 quilo de arroz nos supermercados ocupando lugar ao lado de marginais perigosos”, disse Valadares.
O resultado do quadro descrito, segundo o presidente da AMB, é um grande número de pessoas que deixam os presídios prontas para seguirem no mundo do crime. “É fortalecer uma cultura dentro do Poder Judiciário de distinguir quem merece ser preso e quem pode cumprir pena alternativa”, propôs.