domingo, 30 de novembro de 2008

Já vai tarde!

As raízes da árvore frondosa do capitalismo estão podres.
Seus galhos começam a despencar.
Uma brisa, apenas uma brisa, para sepultar definitivamente o sistema.
E já vai tarde!
O sistema já deu o que tinha que dar.
Chegou a hora do adeus.
Foi assim com a escravidão real e agora com a escravidão light.
Ou alguém acredita que a exploração do homem pelo homem não é uma forma de escravidão?
Tudo a seu tempo.
Sistemas surgem e desaparecem.
É a roda da história.
A humanidade evolui!
Mesmo contra a vontade dos detentores dos meios de produção.
E dos parasitas que vivem da manipulação da moeda.
Um espectro assombra o século 21.
A aurora da liberdade.
Haverá guerras, não tenham dúvidas.
Hoje são mais de uma centena de conflitos que regam de sangue o planeta.
Não haverá para onde fugir neste mundo globalizado.
O sistema está moribundo, façam o que fizerem, não o salvarão.
Não podemos continuar vivendo na pré-história.
Agora sim, vai começar a História da humanidade.
E caberá a cada um abrir o próprio caminho.
Mas não se enganem. O um sem o dois é zero.
E o Um com o Dois é infinito.

GEORGES BOURDOUKAN é jornalista e escritor

Extraído da Revista Caros Amigos edição Novembro 2008.

sábado, 29 de novembro de 2008

Diretora de colégio estadual expulsa aluno, por realizar atividades ligadas ao grêmio estudantil



Uma verdadeira discrepância para a educação e a cidadania nesta cidade, foi o que aconteceu com o aluno do 2° noturno, Felipe Barreto, 18, do Colégio Estadual Jorge Schimmelpfeng.
Na última quarta-feira 26-11-2008, por volta das 21:00, Felipe comunica seu pai, que foi proibido pela Diretora de entrar na escola, e que seria bom a sua presença, para uma breve conversa, em seu ponto de vista amigável.
Porém, a história tomou proporções maiores. Com o modo ríspido de Ana Leomar – Diretora responsável pelo Colégio Estadual Jorge Schimmelpfeng , expulsando-o sem documento algum, apenas de modo verbal.
De acordo com Felipe, o fato de sua expulsão foi por intermediar um evento em prol dos terceiros anos. “Os alunos me chamaram apenas para verificar junto com o corpo docente dia, local e horário de uma festa para os terceiros anos da Escola. E eu na condição de presidente do grêmio, fui pronto em atendê-los o mais rápido possível”, afirma Barreto.
“Tenho receio quanto às conversas que tive com a diretoria, pois foi apenas um acordo verbal, nada escrito para que mais tarde em qualquer eventualidade eu pudesse comprovar a minha palavra contra a da diretora”, continua Barreto. Por essa atitude, provavelmente Ana Leomar não manteve sua palavra.
Perseguição política, talvez?
Não se sabe ao certo ainda, mas é o que mais indica para a tal intriga. Que contou com a participação da patrulha escolar, Leomar solicitou a presença da patrulha para acompanhar as conversas entre escola, pai e aluno. Atitude esta que ouriçou o estudante, convidando então seu Advogado, para representá-lo, já que a diretora em sua concepção medíocre entendeu que esta seria a melhor maneira para solucionar o problema.
Patrulha escolar, de acordo com o Governo do Estado do Paraná, é uma alternativa inteligente para assessorar as comunidades escolares na busca de soluções para os problemas de segurança encontrado nas escolas. Problemas que compromete a segurança dos alunos, professores, funcionários e instalações dos estabelecimentos. Essa medida é cabível apenas no caso de ameaça a segurança do local e das pessoas que fazem parte no momento.
Mas nada disso foi provocado. Felipe Barreto em momento algum teve um caráter ríspido, desagradável, intratável e sem educação, que pudesse prejudicar o corpo docente bem como o discente. Portanto, porque Ana Leomar teve essa atitude? Além de fazer com que a patrulha proibisse a entrada da Advogada e do pai de Barreto para a conversa em sua sala.
Ameaçada, talvez, Ana Leomar liberou por 20 minutos os alunos do 3° (em horário de aula – no caso ela os prejudicou em termos de rendimento escolar do dia) em frente ao pátio, para que esses defendessem o nome do colégio.
Pura ironia ditatorial direitista, diga-se de passagem, mal sucedida. Sim, já que desde quando Felipe estuda no Colégio, ele nunca falou mal das estruturas, pintura, segurança... enfim do colégio em si. Muito pelo contrário “O Jorge Schimmelpfeng é um dos colégios estaduais modelo em Foz”, concluí o estudante. O problema em questão é apenas a proibição das atividades lúdicas proporcionadas e mediadas no caso, pelo grêmio e também da entrada do estudante para realizar as últimas provas, já que o ano escolar está se encerrando.
Veja só em que pé chegamos logo hoje em dia que o cenário municipal, estadual e mundial são outros, estão focados em outros assuntos. E aqui em nossa estimada cidade maravilhosa temos que nos deparar para a atrocidade contra a construção da moral cívica que o grêmio, na gestão de Felipe que proporcionar aos demais estudantes.
Estudantes estes que sobre o fascismo da diretoria não conhecem ou não querem enxergar quão gratificante é ver o estudante lutar ideologicamente, correr atrás de seus benefícios para si e sua comunidade.
Já que Felipe entende que lutar é preciso, não ficou parado. Em reunião com a APP – Sindicato dos Trabalhadores da Educação do PR- de Foz do Iguaçu junto com seus membros apoiou a causa de Barreto.
E um relatório sobre o caso foi protocolado ontem 29-11-2008 no Núcleo Regional de Educação juntamente com o presidente da UPES (União Paranaense de Estudantes Secundaristas – PR), Rafael Clabonde, militante da UJS (União da Juventude Socialista). Que veio de Curitiba para acompanhar de perto o caso do Colégio Jorge Schimmelpfeng.
Felipe Barreto fica no aguardo da conclusão final desse episódio que aclamou os órgãos educacionais do estado. Atitudes como esta não pode deixar passar em branco, ficar enclausurado meio ao tumulto provocado, no caso, pela diretoria. Muito pelo contrario, o espírito jovem faz com que sair nas ruas e colocar a boca no trombone nunca é indispensável.

por Hellen Samantta

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Os pobres não podem pagar a conta da crise

O sistema financeiro está, novamente, em crise. São ondas cíclicas, alimentadas pelos movimentos especulativos, pela instabilidade dos mercados. Com tamanha volatilidade, chega o tempo em que o capital, sem compromisso para além do lucro, se perde nas apostas. Em momentos assim, o sistema revela uma das suas faces perversas, espalhando pânico em vários países diante da incerteza das economias. Que setores serão afetados? Os pobres pagarão a conta da crise? Como ficam a produção e o crescimento econômico? Mas desta vez, as proporções se apresentam numa dimensão ainda mais desafiadora, sem precedentes na história do mercado financeiro, com rombos da ordem de trilhões de dólares.


Por Patrus Ananias



A incerteza é parte da regra do jogo desse sistema e aqueles que especulam sabem bem disso. Os que ganharam excessivamente no tempo das vacas gordas devem ser os primeiros a perder um pouco de suas gorduras. O problema é quando resultados desastrosos ameaçam aqueles que sequer participam dos sobejos do banquete do capital. A crise foi gerada no centro do sistema capitalista; ela parte dos países mais desenvolvidos para atingir, de maneira ameaçadora, as economias de países mais pobres e dos emergentes, daqueles que estão conseguindo organizar e promover o crescimento, como é o caso do Brasil.


O enfrentamento da crise deve ser planejado de modo a manter um patamar razoável de justiça social para que os mais pobres não paguem a conta. A gravidade da situação impõe ao mundo a necessidade de refletir sobre o momento que estamos vivendo, para buscar alternativas mais sustentáveis de desenvolvimento, na qual os países devem ser respeitados em sua soberania. Da mesma maneira, internamente os países precisam resguardar os mais pobres, em função de um compromisso ético de defesa da vida, mas também como forma de reagir ao problema.


O Brasil não está de fora do risco, embora nossa economia já tenha demonstrado que está mais forte e com mais condições de reação do que em tempos anteriores. Foi-se o tempo em que um "espirro" no mercado americano provocava uma pneumonia em nossa economia. Um problema um pouco mais grave e éramos afetados com impactos desastrosos, com reduções nos investimentos sociais e nos salários dos trabalhadores.


Nossa economia, agora, dá sinais claros de estabilidade. Ainda assim estamos adotando necessárias providências, implementadas especialmente pelas autoridades da área econômica, em conformidade com as diretrizes presidenciais. Mas uma coisa é certa, como já afirmou o presidente Lula em vários encontros internacionais: os pobres não podem, mais uma vez, pagar a conta da crise e os programas sociais devem ser consolidados e ampliados.


Temos uma situação que aponta para esse caminho. Nosso crescimento tem sido "pró-pobre", para utilizar uma expressão dos economistas, que combina a força do mercado interno com o vigor das exportações. No entanto, a crise internacional poderá enfraquecer o pilar das exportações e, portanto, temos o desafio de manter o mercado interno aquecido, com seus efeitos positivos sobre o crescimento. Sabemos que um dos pontos que temos a nosso favor é o elevado potencial de nosso mercado interno que durante muitos anos foi ignorado no país. Os investimentos nas políticas sociais estão mudando esse quadro. Em conjunto com outras políticas de proteção do poder aquisitivo dos trabalhadores de baixa renda, como a política de valorização do salário mínimo, o governo federal estimula a formação de novos consumidores. Podemos evitar que a crise amplie os efeitos no país por meio da manutenção dos recursos destinados à área social, evitando o arrefecimento do consumo popular.


A crise externa é sobretudo de liquidez e os efeitos se propagam em cadeia. Bancos e grandes investidores, na incerteza, migram para investimentos mais seguros, financiando menos as empresas e emprestando menos às pessoas. Isso significa menor oferta de crédito interno, que por sua vez significa menos consumo; por conseqüência, as vendas se reduzem e cai a produção. Ou seja, a crise financeira chega ao mundo real, e é na segunda parte dessa seqüência que os efeitos se propagam para a maioria da população porque menor produção gera menor crescimento e redução dos empregos.


Sob o aspecto ético e humano, a manutenção das políticas sociais impede que a fatura chegue até os que não têm como pagar. São justamente aqueles que, se confrontados com a exigência de pagamento, comprometem suas próprias vidas. Mas mesmo do ponto de vista instrumental, manter o consumo das classes pobres é uma alternativa para buscar saídas dessa situação. Certamente não se apresenta como solução definitiva, mas reduz os impactos negativos porque é um mecanismo para minimização dos efeitos da crise, como mencionei.


A consolidação de uma rede de proteção e promoção social traduz um compromisso ético e moral do nosso governo, coerente com sua tradição política, mas também com os princípios da nossa Constituição que completa 20 anos e incorpora as grandes conquistas do Estado de bem-estar no que se refere aos direitos dos trabalhadores, dos pobres, das minorias, dos mais fragilizados, apontando também para vigorosas políticas de inclusão social, como estamos hoje implementando no Brasil.


Certamente, muito dos investimentos previstos deverão ser reordenados por uma exigência de resposta à crise. Mas que seja preservado o dinheiro dos pobres, que é um dinheiro sagrado que lhes assegura acesso a bens e serviços básicos possibilitadores do direito à vida. O Brasil já fez sua escolha e vai mantê-la. Queremos o bem de todos, o desenvolvimento harmônico do país, mas sempre preservando o direito dos mais pobres.


* Patrus Ananias é ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.


Artigo publicado no Valor Econômico (12/11

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Jô e o Kassab

Está passando o Jô. O entrevistado é o Kassab. Na primeira pergunta ele já responde elogiando o Serra. O Jô pergunta se no Brasil não mais importa a ideologia dos candidatos mas sim a administraçào. Me pergunto, e como vamos bem administrar se não formos pautados por nossas idéias e anseios. Fala com orgulho da criação das AMAS. Que o Serra criou e ele continuou. O Jô chama ele de extraordinário ministro da saúde. Fala do Cidade Limpa, que acaba com a poluição visual. Pergunta também da semelhança dele com o piu-piu. O Jô insiste no Serra. Fala de seus grandes projetos para a cidade. Projetos maravilhosos e premiados, mas que nunca foram executados. Fala que tudo é uma questão de prioridades e que não entende porque há 30 anos nenhum prefeito investiu nos metrôs. Contradiz assim os elogios ao Serra. Mas passa despercebido. Acaba o primeiro bloco e lembro dos textos que tenho que apresentar amanhã na reunião da executiva municipal da UJS.

sábado, 8 de novembro de 2008

Charge do Bessinha para a Charge Online




Fonte: Vermelho

João Cândido ganha monumento no Dia da Consciência Negra

Para marcar o Dia da Consciência Negra, a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) vai promover em 20 de novembro uma atividade cultural na Praça XV, no Centro do Rio de Janeiro, palco da Revolta da Chibata de 1910. O ponto alto do evento será a instalação de monumento em homenagem a João Cândido. O presidente Lula confirmou presença no evento, que contará com shows de João Bosco e Martinho da Vila, entre outras manifestações artísticas.


O Almirante Negro liderou revolta dos marinheiros

João Cândido, conhecido como o “Almirante Negro”, liderou a revolta dos marinheiros – negros em sua maioria – contra os castigos físicos a que ainda eram submetidos 22 anos após a Abolição da escravidão.



Cândido foi anistiado apenas agora em 2008, após sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a projeto de iniciativa da senadora Marina Silva (PT-AC), atendendo a uma antiga reivindicação dos movimentos negros brasileiros.



Intolerância religiosa


Na solenidade, representantes da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa vão entregar oficialmente ao presidente Lula, propostas para a redação de um programa nacional sobre intolerância religiosa. Esta será a primeira vez que um presidente da República recebe a comissão para discutir a matéria.


O anúncio foi feito durante encontro de representantes de diversas religiões no Rio de janeiro, na semana passada, quando foram discutidos, entre outros pontos, o mapeamento de centros religiosos no país e a aplicação da lei que determina o ensino de História da África e Cultura Negra nas escolas.

Fonte: Vermelho



Aqui por Foz não deixaremos a data passar em branco. Aguardem.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Os pilantras da mídia atacam de novo

Vejam que absurdo.

Tropas de Israel invadem Gaza e assassinam cinco palestinos.

E qual foi o comportamento da Folha de S.Paulo online?

Anunciar em manchetes “palestinos disparam 40 foguetes a partir de Gaza”.

Haja desonestidade.

O próprio jornal reconhece a desonestidade.

O texto informa que “os disparos ocorreram após uma operação noturna israelense na faixa de Gaza, na qual o Exército israelense matou cinco palestinos na região da fronteira com Israel”.

Ou seja: os palestinos dispararam os foguetes em resposta aos assassinatos.

E não atingiram ninguém.

E a manchete culpa quem se defendeu. Não quem invadiu e assassinou.

Assassinar cinco semitas palestinos não tem a mínima importância para esse tipo de mídia.

Israel rompeu a trégua em vigor desde junho.

Israel continua cercando Gaza, onde até os hospitais são fechados por falta de medicamentos.

E a Folha, em manchete, proclama que os palestinos disparam foguetes.

Isso já não é mais pilantragem.

É canalhice.

É nisso que dá imprimir jornal com esgoto.

Fonte: Blog do Bourdokan

A maior piada do mundo

A maior piada do mundo foi dita ontem durante reportagem do 'brother' Pedro Bial, veiculada ao longo da excitada cobertura do Jornal Nacional. Pra ele, os EUA seriam a maior democracia do mundo. Curioso conceito de democracia... No mesmo texto o "jornalista" entrevista uma cubana raivosa, que quase cospe a dentadura ao esbravejar que esperaria quantas horas fossem necessárias para exercer seu divino direito ao voto, já que de onde ela vem não teria esse direito. A TV Globo é mesmo incrível. Consegue sustentar duas gigantestas mentiras ao mesmo tempo: que em Cuba não existem eleições e que nos EUA quem decide é o povo. O que a empresa da família Marinho esconde, assim como as demais corporações de mídia, é que as eleições nos EUA do século XXI ainda são INDIRETAS. Pouco importa se a palavra grega "democracia" seja a junção dos termos "demos" (povo) e "krátos" (governo, poder). Nos EUA quem decide mesmo é o Colégio Eleitoral. O vencedor será aquele que conquistar 270 delegados ou mais. Foi assim que Bush venceu em 2000 e em 2004, além de ter fraudado as urnas na Flórida - com o assentimento do Partido Democrata. "A maior democracia do mundo" comemora o índice recorde de 66% de comparecimento às urnas, lembrando que lá o voto não é obrigatório. Mas o fato de em Cuba esse índice ser de 98% não chama a atenção dessa mídia, apesar de também não ser obrigatório sair de casa no dia da votação.

A noção da Globo de democracia, traduzindo para o português, é a seguinte: "um sistema é democrático enquanto servir para quem está inserido na sociedade de consumo. Continua sendo democrático mesmo se houver excluídos. Continua sendo democrático mesmo se esses excluídos passarem fome, morrerem de doenças curáveis, serem analfabetos ou não terem onde morar. Além disso, pouco importam os genocídios e a existência de campos de tortura espalhados pelo mundo, como Abuh Graib e Guantánamo". Por isso chamam os EUA de "a maior democracia do mundo".

PS: Outra mentira divulgada com naturalidade pelas corporações de mídia é a noção de que os estadunidenses são "americanos". Está na boca de qualquer telejornal ou radiojornal e nas vinhetas várias dos jornais e revistas. Ao aceitar com servilidade a imposição de Washington, as corporações de mídia reforçam a dominação cultural do império, que atua com base na velha máxima da Doutrina Monroe: "América para os americanos", que na verdade pode ser traduzida para "América para os estadunidenses", já que americano é quem nasce em qualquer lugar do continente americano e não consta que um mexicano pobre, por exemplo, tenha o mesmo acesso ao território e às riquezas do continente que um canadense rico. Quando aceitamos a usurpação do termo, estamos de alguma forma aceitando a idéia de que os EUA têm o direito de controlar todo o continente americano. Ao mesmo tempo, toda a raiva que sentem dos EUA mundo afora acaba respingando nos americanos não-estadunidenses, que por serem americanos responderão pelas agressões da América.


Fonte: Fazendo Media

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Socorro aos bancos e miséria social

Num curtíssimo espaço de tempo, com o agravamento da crise mundial do sistema capitalista, os bancos centrais dos chamados países desenvolvidos já desembolsaram mais de US$ 2,8 trilhões para socorrer o sistema financeiro, segundo recente relatório do governo inglês. Este montante equivale a 6% do Produto Interno Bruto (PIB) global, a toda riqueza produzida no planeta. Esta generosa operação de salvamento, feita com recursos públicos, com o dinheiro arrecadado dos tributos da sociedade, evidencia todo o cinismo dos banqueiros e dos magnatas capitalistas.

Os mesmos agiotas que impuseram as teses neoliberais do “estado mínimo” e da libertinagem financeira, agora exigem o socorro dos cofres públicos. Eles chantageiam os estados, afirmando que se não obtiveram ajuda imediata e trilionária afundarão a economia mundial numa longa e prolongada recessão. Alguns financistas até tripudiam da cara da sociedade. Após conduzirem a economia ao precipício, jogando no desespero milhares de trabalhadores demitidos e desalojados de suas casas, os chefões destes bancos são “penalizados” com prêmios e festas nababescas.

Farra macabra dos banqueiros

“Os menos aflitos com a crise parecem ser os executivos das instituições falidas ou em apuros. A recém-estatizada seguradora AIG deu folga de uma semana para seus executivos no balneário St. Regis, na Califórnia, menos de uma semana depois do Tio Sam evitar sua falência. Pagou US$ 400 mil pela semana de férias... Joseph Cassano, o seu administrador de produtos financeiros, vai receber 1 milhão de dólares pelo serviço de consultoria, e o seu ex-presidente, Martin J. Sullivan, recebeu um premio de desempenho de US$ 5 milhões”, relata, indignada, a revista Carta Capital.

“Richard Fuld, ex-presidente do primeiro grande banco de investimento a falir sem possibilidade de resgate ou aquisição, o Lehman Brothers, foi remunerado em 300 milhões de dólares de 2000 a 2007, enquanto os funcionários perderam US$ 10 bilhões com a falência. Os executivos do Wachovia fizeram com o Wells Fargo, que se ofereceu para adquirir o banco, um acordo para embolsar US$ 225 milhões. Depois de levar à beira da falência o sexto maior banco dos EUA, o ex-presidente do Washington Mutual, Kerry Killinger, recebeu 22 milhões em indenização”.

A farra macabra dos banqueiros, que parecem festejar diante das vítimas da crise, também virou notícia no jornal Valor. “A indecência de diretores dos grupos financeiros salvos pelo dinheiro público provoca revolta das autoridades na Europa e EUA. A direção do grupo belga Fortis fez um banquete de US$ 200 mil para 50 corretores alguns dias depois do banco ter sido salvo da falência graças à intervenção pública”. No rega-bofe num palácio gastronômico do principado de Monte Carlos, “somente um prato de 50 gramas de caviar real do Irã custou US$ 650”.

Cadê o socorro aos famintos?

Os banqueiros realmente não têm do que se preocupar. Na fase da bonança, da orgia financeira, eles privatizaram os lucros e acumularam fortunas; agora, eles socializam os prejuízos, jogando nas costas da sociedade o ônus da crise. Totalmente impunes pelos crimes cometidos, eles ainda recebem generosos prêmios e tiram férias. Bem diferente é a situação dos trabalhadores, que são lançados no desemprego e no desespero. A contradição no mundo capitalista é revoltante. Para os tubarões das finanças, o socorro imediato do estado; para os trabalhadores, nem as migalhas.

A atual crise mundial evidencia que não há falta de recursos para resolver as mazelas sociais no planeta. Em curto espaço de tempo, os estados capitalistas desembolsaram trilhões para socorrer os bancos. Já para salvar a humanidade da barbárie, o dinheiro nunca existe. Quando os governos investem em raquíticos programas sociais, logo aparecem os ricaços exigindo o “corte dos gastos públicos”. A própria ONU estimou que, para suavizar o drama de dois bilhões de seres humanos que vegetam abaixo da linha da pobreza, seriam necessários US$ 150 bilhões anuais.

Com base neste cálculo, a ONU fixou os chamados Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, que estabelece metas para reduzir a pobreza e a fome, diminuir a mortalidade infantil, garantir acesso a água e esgoto, entre outras medidas. Nem a metade destes recursos foi arrecadada até agora e as metas já foram proteladas. Até 2015, prazo do programa da ONU, seriam necessários US$ 1,2 trilhão. Os estados capitalistas alegam falta de recursos. Mas, diante da crise do sistema financeiro, gastaram US$ 2,8 trilhões em poucos dias para salvar os banqueiros e especuladores.


Fonte: Altamiro Borges

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A crise vem de longe

Quando o capitalismo entrou em crise, na década de 1970, a saída dos ricos foi o programa neoliberal. Que, com o tempo, só piorou as coisas.

Esta crise vem de longe. Foi na década de 1970 que o crescimento econômico iniciado no final da Segunda Guerra Mundial, começou a parar. O preço do petróleo disparou e a chamada Era Dourada (1945-1975) do capitalismo ficou para trás.

A solução dos grandes capitalistas, com os EUA, a Europa, o Banco Mundial e o FMI à frente, foi impor ao mundo a desregulamentação, a globalização e a financeirização. Foi o programa neoliberal, que atacou os direitos sociais e trabalhistas. No ambiente de liberdade para o capital, os capitalistas tiraram o dinheiro de atividades produtivas, em busca dos lucros fáceis do mercado financeiro. Os fundos de aposentadoria, com muito dinheiro, também fizeram a mesma coisa.

Assim, o desemprego aumentou, os salários diminuíram, e a liberdade para o capital e para os capitalistas parecia total. A concentração de renda cresceu e os ricos ficaram cada vez mais ricos. Mas foi uma armadilha para os capitalistas: o desemprego e os salários baixos diminuíram a capacidade de consumo da população, levando à queda na taxa de lucros do capital. Uma das saídas, para os capitalistas, foi transferir para os países mais pobres setores industriais quase inteiros, para se beneficiar dos salários mais baixos. E. no mercado financeiro, a saída foi pisar no acelerador dos investimentos financeiros.

Estavam criadas assim as condições para a situação atual. Com menos emprego e renda, as pessoas gastam menos, ou a crédito (nos EUA, o endividamento das famílias bateu recordes). A produção diminui, as empresas encolheram ou fecharam, o desemprego aumentou ainda mais e a capacidade de consumo do povo diminuiu. O governo dos EUA, usando sua força econômica, política e militar, empurrou desde o começo o custo da crise para o mundo e o país se tornou, rapidamente, o maior devedor mundial.

Mas, como um bumerange, a saída dos capitalistas para salvar o capitalismo volta-se contra eles. E agora quem antes exigia liberdade para o capital implora para ser salvo pelo governo. A crise é instrutiva para os trabalhadores: o capitalismo vai de crise em crise, os ricos ficam cada vez mais ricos, e as dificuldades aumentam para quem trabalha. Para os trabalhadores, não pode haver saída em um sistema como este.

Fonte: A Classe Operária