segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A crise vem de longe

Quando o capitalismo entrou em crise, na década de 1970, a saída dos ricos foi o programa neoliberal. Que, com o tempo, só piorou as coisas.

Esta crise vem de longe. Foi na década de 1970 que o crescimento econômico iniciado no final da Segunda Guerra Mundial, começou a parar. O preço do petróleo disparou e a chamada Era Dourada (1945-1975) do capitalismo ficou para trás.

A solução dos grandes capitalistas, com os EUA, a Europa, o Banco Mundial e o FMI à frente, foi impor ao mundo a desregulamentação, a globalização e a financeirização. Foi o programa neoliberal, que atacou os direitos sociais e trabalhistas. No ambiente de liberdade para o capital, os capitalistas tiraram o dinheiro de atividades produtivas, em busca dos lucros fáceis do mercado financeiro. Os fundos de aposentadoria, com muito dinheiro, também fizeram a mesma coisa.

Assim, o desemprego aumentou, os salários diminuíram, e a liberdade para o capital e para os capitalistas parecia total. A concentração de renda cresceu e os ricos ficaram cada vez mais ricos. Mas foi uma armadilha para os capitalistas: o desemprego e os salários baixos diminuíram a capacidade de consumo da população, levando à queda na taxa de lucros do capital. Uma das saídas, para os capitalistas, foi transferir para os países mais pobres setores industriais quase inteiros, para se beneficiar dos salários mais baixos. E. no mercado financeiro, a saída foi pisar no acelerador dos investimentos financeiros.

Estavam criadas assim as condições para a situação atual. Com menos emprego e renda, as pessoas gastam menos, ou a crédito (nos EUA, o endividamento das famílias bateu recordes). A produção diminui, as empresas encolheram ou fecharam, o desemprego aumentou ainda mais e a capacidade de consumo do povo diminuiu. O governo dos EUA, usando sua força econômica, política e militar, empurrou desde o começo o custo da crise para o mundo e o país se tornou, rapidamente, o maior devedor mundial.

Mas, como um bumerange, a saída dos capitalistas para salvar o capitalismo volta-se contra eles. E agora quem antes exigia liberdade para o capital implora para ser salvo pelo governo. A crise é instrutiva para os trabalhadores: o capitalismo vai de crise em crise, os ricos ficam cada vez mais ricos, e as dificuldades aumentam para quem trabalha. Para os trabalhadores, não pode haver saída em um sistema como este.

Fonte: A Classe Operária

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